Ouça o álbum completo:
Em seu interessante texto no encarte de seu recém-lançado álbum “Organ Reflections”, o jovem pianista israelense Ariel Lanyi, nascido em Jerusalém em 1997 e radicado em Londres, escreve que embora pensemos em Bach quando nos referimos ao órgão, “foi Mozart quem chamou o órgão de ‘Rei dos Instrumentos’. Mesmo compositores como Mozart, a quem não associamos o órgão, o tocaram extensivamente. Sua grandeza permaneceu arraigada na imaginação dos pianistas”.
Verdade. Este álbum é um bom exemplo desta presença do órgão além do seu habitat preferencial religioso. Mozart abre e fecha o itinerário proposto por Lanyi. O “Andante” em fá maior K. 616, composto no final de sua vida, em 1791, para “órgão mecânico”, abre esta viagem musical diferente; e o curto “Adagio em dó maior, K. 356”, fecha um percurso irável, em que cabem obras mais parrudas de dois organistas compositores: o belga radicado na França César Franck com “Prelúdio, Ária e Fuga”, obra de plena maturidade (composta em 1888, dois anos antes de sua morte); e as “Variações e fuga sobre um tema de Bach”, do também compositor organista alemão Max Reger.
Sei que você vai escutar primeiro as duas peças de Mozart. Mas quero chamar a atenção dos ouvintes para as duas obras mais encorpadas, de Franck e sobretudo de Reger, compositor pouquíssimo ouvido e ainda menos programado em recitais e concertos mundo afora. Ele construiu suas variações sobre a ária “Para Sondar Sua Onipotência”, da Cantata BWV 128 de Bach, Auf Christi Himmelfahrt allein (Sobre a Ascensão de Cristo ao Céu Sozinho). “Ao longo de 14 variações, escreve o pianista, “Reger transforma o tema de Bach de todas as maneiras possíveis, intercalando variações próximas ao tema em tonalidade e material com variações que funcionam como desvios, em tons estrangeiros e com conexões tênues com o tema original. Após o final explosivo da última variação, todos os diferentes fios se unem em uma fuga monumental, na qual Reger viaja por vários mundos tonais e emocionais antes de reintroduzir o tema da fuga no que deve ser um dos finais mais imponentes e grandiosos já escritos para piano”.
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