Na última semana, a apresentadora Tati Machado falou pela primeira vez sobre a perda do bebê, fruto da relação com o cineasta e diretor de fotografia Bruno Monteiro.
O caso comoveu diversas pessoas, já que a gravidez foi acompanhada por muitos espectadores que a acompanham diariamente na televisão, além de personalidades, como Lexa, Angélica, Eliana e Ana Maria Braga.
Com 33 semanas, a jornalista percebeu a ausência dos movimentos do neném, momento em que foi para a maternidade em busca de receber atendimento médico e entender o que estava acontecendo.
De acordo com Romulo Negrini, coordenador de obstetrícia do Hospital Albert Einstein, casos como esse são raros, mas podem acontecer.
“Toda gravidez tem uma chance aí, de mais ou menos, 30% de evoluir para um abortamento. Mas a grande maioria desses casos, em torno de 90%, acontecem antes de oito semanas de gravidez [...] Agora, a perda tardia, como aconteceu com ela [Tati Machado], é de 1% aproximadamente”, esclarece.
Quais sinais as mamães devem ficar atentas?
No início da gestação, o principal sintoma alarmante é o sangramento, especialmente se houver a ocorrência de muita cólica na sequência. “Não é para ter sangramento. Pode acontecer? Pode acontecer. Mas sempre que houver um sangramento precisa ser reportado e investigado”.
“A cólica sem o sangramento, especialmente no início da gravidez é normal, isso não é uma preocupação. Ter cólicas eventuais durante o processo de gravidez também é normal. Agora, se ela está numa fase mais avançada da gestação e apresenta cólica ritmada e dolorosa, quer dizer, se a cada cinco minutos vem uma dor intensa, isso pode ser trabalho de parto prematuro. Aí precisa buscar atendimento”, explica o especialista.
No caso da perda gestacional tardia, perceber que o padrão de movimentação do bebê se alterou substancialmente é um alerta.
Quais podem ser as causas para a perda gestacional?
Com uma rotina de trabalho normal ao longo da gestação, muitas pessoas questionaram a possibilidade disso ter colaborado de certa forma para a perda do bebê. No entanto, não existem estudos que comprovem tal relação, segundo Negrini.
Na verdade, a primeira causa pontuada por ele é a hipertensão, condição crônica em que a pressão arterial se mantém persistentemente elevada nas artérias.
“O controle da pressão arterial durante o pré-natal deve ser bem feito, e, inclusive, o acompanhamento ultrassonográfico [para monitorar o desenvolvimento fetal, identificar possíveis anomalias e avaliar a saúde da gestante], com a periodicidade a depender do nível pessoal”, ressalta.
A diabetes gestacional, que ocorre quando a mulher desenvolve resistência à insulina e níveis elevados de glicose no sangue durante a gravidez, geralmente no segundo ou terceiro trimestre, é a segunda causa principal de perda gestacional, o que faz com que o controle rigoroso da glicemia seja necessário para garantir o bem-estar do bebê.
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No entanto, outras condições clínicas que a mãe carrega antes da gavidez podem favorecer para isso, como, por exemplo, a diabetes: “Nessas situações, ela já começa com uma gravidez de alto risco, com um risco maior dessas coisas acontecerem. Por isso que é importante o pré-natal,para que a gente consiga, por meio de exame, de análise clínica, detectar se há alguma alteração e se precisa antecipar o parto, por exemplo”.
De acordo com o coordenador de obstetrícia do Hospital Albert Einstein, após a perda do bebê, um processo de investigação é promovido em busca de descobrir o que originou tal acontecimento.
“A gente sempre vai atrás, seja pela análise do bebê, seja pela análise da placenta ou pela história clínica, mas algumas vezes não conseguimos chegar na causa. E aí, eu imagino, que seja o ponto mais angustiante. Você ter tido uma perda e não saber exatamente porque que aconteceu. E às vezes a gente não sabe o mesmo”, relata.
Quais os cuidados após a perda gestacional?
Assim como toda e qualquer perda, a família, principalmente a mãe e o pai, enfrentam o luto pela perda do filho ou filha, sendo este complexo e podendo envolver, inclusive, sentimentos intensos de tristeza, raiva, culpa, ansiedade e desespero. Portanto, a mulher tem direito a um acompanhamento psicológico quando enfrenta uma situação como essa.
Mas quais são os outros cuidados? Caso ocorra de forma precoce, ou seja, antes das oito semanas, não há muito o que se investigar, porque, na grande maioria dos casos se trata de uma questão falha do encontro dos genes, havendo então a liberação para engravidar a partir do próximo ciclo menstrual, o que deve acontecer dentro de dois a três meses.
No entanto, o casal deve estar atento a um fator: se for uma cesariana, é necessário esperar que a cicatrização da região ocorra.
Por outro lado, quando a perda é tardia, ela merece uma investigação para que a equipe médica tente descobrir o que levou a isso, e se possível, evitar em uma próxima gestação.
“Se a gente tem a causa, o nosso cuidado vai ser tratar o problema para que isso não aconteça de novo. [...] Se aconteceu ao acaso, a chance de acontecer de novo é a mesma da população geral. Então vai ser pequena. Não há nenhuma necessidade especial em relação àquela gravidez”, explica Negrini.
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Manter uma boa alimentação e praticar esportes fazem diferença na jornada das mamães, assim como na vida de qualquer um e em qualquer situação.
“A alimentação e a atividade física geram saúde. Ambos são promoção de saúde para qualquer pessoa, em qualquer idade e em qualquer situação. No caso da gravidez, diferentemente de outras situações, a gente faz uma busca ativa de doenças, que, por exemplo, possam estar ali e não afetar aquela pessoa, mas podem afetar o bebê. Então, a realização do pré natal regular é extremamente importante, porque isso vai melhorar o prognóstico, tanto da mãe quanto do bebê. E evitar futuros problemas”.
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