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Foto: Wolfgang Liebacher | Divulgação
Foto: Wolfgang Liebacher | Divulgação Benjamin Schmid

Ouça o álbum completo:


O CD desta semana apresenta dois concertos para violino diferentes, fora do padrão da música de concerto tradicional. Você logo vai entender por que quando ouvir esta declaração de princípios de um dos compositores, no caso o pianista vienense Friedrich Gulda, que nasceu em 1930 e morreu em 2000. Ele construiu sua fama planetária tocando Mozart e Beethoven; mas logo, nos anos 1950, mergulhou no jazz, tocou no Birdland de Nova York, templo sagrado do jazz norte-americano. E por meio século transgrediu todas as regras de bom comportamento artístico. Mas ouça esta autodefinição que Gulda fez:

“Sinto-me como Miles Davis quando, apesar da agem do tempo, recusava-se da maneira mais absoluta a envelhecer e colocava no centro de seu universo musical de um lado ele próprio e do outro Prince e os rappers. Não tenho medo da morte porque sei que logo em seguida vou viver numa nuvenzinha rosa ao lado de Mozart, o mestre dos mestres eternamente jovem. Mozart representa o ponto de chegada de minha evolução; do outro lado, neste meu ponto de chegada, está a música que os jovens de hoje dançam. Sâo os meus dois pilares. Os jovens não têm consciência da afinidade que existe entre a música que amam e a de Mozart -- ambas tão poderosas, sensuais e eróticas. Mas eu sei disso e os coloco lado a lado. Sim, algumas vezes ainda soo como reza a tradição clássica, respeitando a partitura. Mas é um mergulho no ado que não me interessa mais”.
O outro compositor presente no álbum lançado há pouco também é um anfíbio: Kurt Weill nasceu em 1900 e morreu em 1950. Comportou-se muito bem no território dito clássico, mas também na parceria com Brecht na Alemanha de Weimar dos anos 1920/30 fazendo teatro musical engajado com tinturas jazzísticas e depois, fugindo do nazismo, reinou soberano na Broadway.

Por aí se vê que o violinista Benjamin Schmid, 56 anos, vienense como Gulda, encontrou neles almas gêmeas, pois ele também sente-se à vontade no mundo clássico e também no jazz.

Neste álbum do selo Gramola, ele interpreta uma versão para violino do concerto original para violoncelo de Gulda. São cinco movimentos, cheios de surpresas. Como o “Finale alla marcia”, de espírito genuinamente circense. Já o concerto de Weill ainda respira ares mais “clássicos”. Ele estudara com Ferruccio Busoni, o maior pianista daquele momento no planeta e também compositor e porta-bandeira do movimento neoclássico.

Entre um e outro concertos, Benjamin toca uma peça solo que compôs em tributo a Fritz Kreisler, o grande virtuose vienense do violino que brilhou nos Estados Unidos da primeira metade do século 20.