Ouça o álbum completo:
O compositor armênio Aram Khachaturian é conhecido basicamente pela “Dança do Sabre”, do balé “Gayaneh”. Ele nasceu em 1903 e morreu em 1978. Estudou e fez toda a sua carreira na União Soviética, sobretudo em Moscou.
Pouco se conhece de suas demais obras. Entre elas, os concertos (para piano, violino, violoncelo) e as três sinfonias e música para cinema. Como se sabe, dez entre dez compositores que viveram na União Soviética compam muito para o cinema, quando suas criações musicais não agradavam aos ditames do chamado realismo socialista.
O CD desta semana é um raro álbum recém-lançado pelo selo Fuga Libera com a integral de Khachaturian para violino e piano. A ideia nasceu em 2018, quando o violinista David Haroutunian conheceu Karen, filho do compositor. Ele acabara de dedicar um recital a obras do compositor armênio. Karen confiou-lhe o manuscrito de uma sonata inédita para violino e piano, composta por seu pai em 1932. Soava de vanguarda para os ouvidos dos comissários da Cultura soviéticos, por isso Aram engavetou-a.
“A descoberta desta sonata”, conta o violinista no encarte do álbum, “despertou em mim o desejo de gravar todas as obras de Khachaturian para violino”. Ao lado da pianista Xénia Maliarevitch, eles promovem a primeira gravação mundial desta sonata e de uma dança, de 1925. Além disso, outro registro raro é o da sonata que ele chamou de “monólogo” para violino solo, composta em 1975, três anos antes de sua morte. Complementam o álbum versões para violino e piano de melodias muito conhecidas: a Dança de Haisha e a Dança do Sabre, ambas do balé “Gayaneh”, em arranjos do violinista Jascha Heifetz.
Sobre a sonata inédita de 1932, David diz que provavelmente ele não quis publicá-la nem submetê-la à União dos Compositores Soviéticos porque sabia que eles não a aprovariam. Assimilando fragmentos do folclore armênio em suas composições, Khachaturian mergulhou na obra de Komitas, o músico-símbolo de seu país, que recolheu o folclore armênio com um espírito muito semelhante aos seus contemporâneos Bartók e Kodaly em relação ao folclore húngaro.
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