O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10) no inquérito da trama golpista, no Supremo Tribunal Federal. Ele negou a tentativa de golpe, mas itiu que estudou possibilidades de se manter no poder, dentro da constituição.
Logo no início do depoimento, o ex-presidente foi questionado pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, se a denúncia de liderar a tentativa de golpe de estado procedia. Bolsonaro negou.
Em seguida, Moraes questionou quais seriam os fundamentos para as seguidas acusações de fraude nas eleições. O ex-presidente atribuiu os ataques às urnas eletrônicas à sua “retórica”.
“Minha retórica me levava a falar dessa maneira. Essa reunião, não era pra ter sido gravada, algo reservado (...) alguém vazou e ela tornou-se pública, se não eu não estaria aqui explicando essa questão. Essa foi a minha retórica, que usei muito como deputado e depois como presidente, buscando aí o voto impresso como uma forma a mais de termos uma barreira para se evitar qualquer possibilidade de se alterar o resultado das eleições", disse.
O ministro insistiu e perguntou sobre a denúncia feita por Bolsonaro de que ministros do Tribunal Superior Eleitoral estariam recebendo dinheiro para direcionar o resultado das eleições.
"Não tem indício nenhum senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Foi um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fosse outros três ocupando teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe. Não teve essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três", declarou.
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Ao longo do depoimento, Bolsonaro alegou que tentava proteger as urnas e melhorar a segurança do sistema eleitoral, e defendeu “sistemas auditáveis” como os usados no Paraguai e na Venezuela.
"Nós temos muita coisa ao nosso lado mostrando que esse sistema que está aí carece de um aperfeiçoamento. Como existe, por exemplo, no Paraguai (...) como ou a existir nas últimas eleições até na Venezuela, que foi permitido notar que algo de anormal estava acontecendo. Nós não podemos esperar que aconteça isso no Brasil para tomar uma providência", falou.
O ex-presidente negou ter participado de qualquer tentativa de golpe ou plano para prender autoridades. Bolsonaro, no entanto, confirmou que discutiu com auxiliares e comandantes das forças armadas o que chamou de “alternativas dentro da lei” para tentar reverter o resultado das eleições.
Em relação à “minuta do golpe”, encontrada com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, o ex-presidente disse não ter qualquer responsabilidade sobre o documento.
"Não tem um cabeçalho, nem um fecho. Deve ter uns considerandos apenas. Isso foi colocado numa tela de televisão rápida ali, mas essa discussão ali já começou sem força, e nada foi à frente”, alegou.
Ele negou ter recebido uma ameaça de prisão por parte do comandante do exército.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, quis ouvir do ex-presidente se ele não atuou para desmobilizar os apoiadores que estavam acampados na frente de quartéis pelo país pedindo intervenção militar, o que significava uma quebra de normalidade democrática.
"Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas, que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, disse.
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